Encarnado e Branco

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Miklós Fehér

Recordo aqui o que escrevi dois anos após o dia trágico. Publicado no Terceiro Anel:

Estava a ser uma tarde agradável de domingo. Tinha ido a Sacavém, a convite do companheiro Nuno Travassos - central do Sacavenense, para ver o Benfica B. O Nuno foi titular e fez exibição convincente, mas a segunda parte do Benfica B foi demolidora e aquilo deu para a goleada.
No fim ainda troquei uns dedos de conversa com o Nuno Travassos.
Depois foi o regresso a casa. Estranhamente nessa noite optei por ficar sozinho a acompanhar via tv o Vitória-Benfica. Costumo sempre acompanhar a equipa, quando não o faço junto-me a outros amigos benfiquistas para vermos juntos o jogo.
Mas naquela noite não foi assim.

Lembro-me do jogo. Mal jogado, terreno pesado, e um nulo teimoso que nos estava a enervar. Lembro-me perfeitamente de ver João Pereira dar o lugar a Fehér. Uma esperança para os últimos ataques à baliza dos minhotos. Quase no fim a explosão de alegria, Fernando Aguiar marca golo! Festejo sozinho, aos saltos e a gritar: Benfica! Foi de pé, em frente à tv, que vi Fehér retardar uma reposição de bola do Guimarães. Estávamos a ganhar, não havia pressa. Quando se apercebeu que ia levar um cartão amarelo mostrou um enorme sorriso. Contagiante. Também eu sorri, a aprovar o cartão. Foram os últimos instantes de felicidade na minha vida naqueles dias. O que se seguiu foi forte demais para algum dia nos esquecermos.

Fehér deixou-nos a meio da triunfante caminhada para o Jamor. A conquista da Taça foi dedicada a ele, e com ele no pensamento. Passou a fazer parte da nossa memória colectiva.
A sua dolorosa partida teve o efeito de unir quem por cá ficou. A resposta da equipa, do clube e dos adeptos foi de uma grandiosidade comovente. Os grandes clubes são também aqueles que sabem respeitar e dignificar o nome daqueles que o serviram.
Coincidência, ou não, a verdade é que a partir daquele dia trágico o Benfica partiu para a reconquista de troféus. A, já referida, Taça de Portugal apareceu logo no final dessa temporada.
Mas o presidente do clube foi mais longe, prometeu dedicar um título de campeão a Fehér. O tal campeonato que não era ganho há 10 anos. A verdade é que um ano e meio após o último sorriso, Fehér recebeu o título de campeão. E voltámos ao Jamor. Como perdemos tivemos que nos ir vingar ao Algarve e trazer a Supertaça.
Estes troféus também são teus, Miki!

A vida tem destas ironias, quatro anos depois voltamos ao mesmo palco um dia depois da noite negra. Vençam por ele.

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posted by J G at 10:18 da manhã

3 Comentários:

ETERNO MIKI, eterna a sensação de perda...
LUTEM POR ELE E NUNCA O ESQUEÇAM como nós nunca esqueçemos..

(sempre fantastico visitar este teu espaço..parabens pelo blog)
Blogger carlao17, at 11:07 da manhã  
Nunca o esquecerei. Nunca!
Blogger Paulo, at 2:12 da tarde  
Lembro-me dessa noite perfeitamente, estava lá a ver o jogo a torcer pelo Vitória, e quando vi o Miki cair telefonei-te logo a perguntar se o que se passava era o que estava a pensar! Triste, muito triste.
Blogger Bancada de Leão, at 3:23 da tarde  

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