Encarnado e Branco

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Presidente em Entrevista ( A Bola)

Oano de 2008 acaba com o Benfica em primeiro na Liga, algo que não acontecia há 15 anos. No entanto, não foram tempos nada fáceis, especialmente a partir do momento em que Camacho saiu...

— Cada tempo tem as suas dificuldades e 2008 não escapou à regra, mas não foram maiores que outras que enfrentámos no passado - em que tivemos de recuperar o Benfica, assumir responsabilidades alheias e, ao mesmo tempo, combater a falta de verdade desportiva que se vivia no futebol português - apenas foram diferentes. Foi um ano em que desportivamente falhámos, e isso deixa sempre marcas, mas o Benfica começa, agora, a poder, finalmente, concentrar-se apenas na vertente desportiva, e isso vai reflectir-se a curto prazo. Acabar o ano em primeiro lugar é importante, é sinal de que estamos a trabalhar melhor do que no passado, mas, como outros já disseram antes de mim, é algo simbólico e aquilo que realmente queremos é ganhar o campeonato. É em Maio que temos de chegar em primeiro!

— Os objectivos empresariais já foram alcançados, faltam os objectivos desportivos?

— O fim tem de ser sempre o de ganhar no campo, mas toda a gente sabe de onde partimos. Hoje, o Benfica é reconhecido como uma organização que, do ponto de vista empresarial e financeiro, conseguiu - com uma gestão equilibrada - alcançar as metas propostas, mas de facto, ainda não conseguimos alcançar aquilo que ambicionamos do ponto de vista desportivo. A verdade é que sempre disse que a começar por algum lado teria de ser pela vertente financeira, mas o objectivo final tem de ser o êxito desportivo. Toda a gente compreende que no estado em que encontramos o Benfica, a nossa primeira prioridade foi estabilizá-lo e retirá-lo do coma em que se encontrava. Agora sim, repito, estamos em condições de nos começar a concentrar no capítulo desportivo. Daí também o investimento que fizemos este ano!

— Teme que o esforço financeiro feito pelo Benfica em 2008/09 na equipa principal possa ser boicotado por forças externas?

— A única coisa que devemos temer é pela sucessão de erros de arbitragem que adulteram a verdade desportiva, nem sempre com a respectiva responsabilização dos seus intervenientes. O esforço que fizemos para reforçar a equipa foi planeado e pensado em função do lugar que queremos devolver ao Benfica. É um investimento que todos os sócios e adeptos merecem. Mas é evidente que nenhum esforço fica a salvo de situações como as que se viveram no jogo contra o Nacional, e nem sequer foi caso único, nem isolado. Foi apenas o último de muitos erros que já nos prejudicaram ao longo desta época. Fomos os últimos a falar de arbitragem, quisemos ficar de fora, dar o benefício da dúvida, mas pelos vistos esta atitude foi penalizadora para nós.

Carlos Xistra, Olegário, Lucílio...

— Em que outros casos encontrou razões de queixa?

— Toda a gente se lembra da actuação de Carlos Xistra em Guimarães, dos dois jogos de Olegário Benquerença contra o Leixões. São dois nomes que impõem ponderação séria em futuras nomeações para jogos do Benfica, sem esquecer - porque é impossível pelo que foi a sua actuação no Estádio do Bessa o ano passado - Lucílio Baptista. Resumindo, eu não diria que não são forças externas, pelo contrário, são bem conhecidas!

— Pedro Henriques reafirmou que manteria a decisão...

— Sinceramente foi aquilo que mais me impressionou. Nunca vi um árbitro dar tantas entrevistas para justificar uma decisão, quase diria que se tentou convencer a ele próprio de que tinha razão.Para mim, tudo aquilo que se passou no jogo e depois dele foi uma surpresa desagradável em face da opinião que tinha de Pedro Henriques. No entanto, espero que aquilo que sucedeu no jogo com o Nacional tenha sido um acidente de percurso. Quero manter a minha confiança na Comissão de Arbitragem presidida por Vítor Pereira.

— Pretende manter, apesar de erros de arbitragem, como com o Nacional, uma cultura de exigência e responsabilização dos jogadores do Benfica?

— Os erros de arbitragem devem ser discutidos e tratados no local próprio. A cultura de exigência que devemos reclamar dos nossos profissionais é independente de tudo o resto e não vale apenas para os jogadores da nossa equipa profissional de futebol, nem é apenas uma reclamação de agora, é de sempre. A exigência é uma regra neste clube para todo o universo de atletas e funcionários. É um enorme esforço, aquele que se nos pede, um esforço em que ninguém é dispensável, porque o ciclo económico que está para chegar vai obrigar-nos a mobilizar todas a nossas capacidades. Aquilo que eu peço hoje foi o que sempre pedi desde que cheguei ao Benfica: trabalho sem limites, dedicação enorme!

— É possível que o Benfica mantenha Suazo, por exemplo, no plantel de 2009/10?

— Infelizmente, a decisão não está apenas nas nossas mãos. O que temos é um contrato de empréstimo sem opção de compra, por exigência, então, do Inter. Mesmo que haja vontade da nossa parte, não temos autonomia em relação a essa decisão. É um jogador que tem as características profissionais e humanas que este clube procura, vamos aguardar e ver os desenvolvimentos, na certeza de que se nos for dada a oportunidade vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para o manter cá. Mas tenho a convicção de que não vai ser fácil.

— A continuidade de Reyes depende fundamentalmente do Benfica?

— A situação em relação ao Reyes é diferente. Já é público, o Rui Costa já o assumiu. A decisão, neste caso, é nossa. Há uma opção de compra assumida, portanto, neste caso a situação é completamente diferente da anterior, temos a capacidade de manter o atleta do nosso lado.

— O Apito Dourado e o Apito Final trouxeram algo de novo ao futebol português?

— Trouxeram, pelo menos, a denúncia de que o futebol português viveu à sombra de uma mentira durante muitos anos. Mas trouxeram mais, a certeza de que ainda há pessoas íntegras, capazes e preocupadas com a verdade, e isso é algo que devemos saudar. A nível da justiça desportiva já houve condenações. A nível da justiça comum, os processos continuam. São processos complexos, demorados, mas já percebemos todos que durante anos houve esquemas que adulteraram a verdade desportiva. É tão claro, hoje, o que se passou ao longo de anos! O mais absurdo de tudo, e que é o melhor indicador de tudo o que disse até aqui, é que a defesa de algumas pessoas está preocupada apenas na não admissão da prova em vez de, como devia, estar fundamentada na contestação da prova. A prova existe, ninguém a contesta, ninguém recusa que tenha acontecido, nem como aconteceu. Estão unicamente preocupados em impedir que possa ser usada. Já todos percebemos o que aconteceu e isso é algo que já ninguém pode apagar!

— O Benfica tentou fazer valer os direitos que entendia assistirem-lhe junto da UEFA, a propósito da condenação por tentativa de corrupção de Pinto da Costa, mas não viu o assunto resolvido em 2008/09. O seu clube vai continuar empenhado nessa luta?

— Esse sempre foi um problema da UEFA a que o Benfica respondeu quando foi chamado. Quem deve continuar empenhado na luta pela verdade desportiva deve ser a UEFA e a própria Federação Portuguesa de Futebol. Aliás, devo lembrar que os órgãos da FPF ratificaram as decisões da Comissão Disciplinar. O futebol defende-se agindo contra quem viola as regras e põe em causa a verdade desportiva. O que nos moveu foi uma questão de princípio e por isso, independentemente de sermos campeões este ano, vamo-nos manter vigilantes!

— Hoje, a chamada oposição interna, sente-se menos do que quando pegou no clube?

— Não sei, nunca tive como uma das minhas preocupações diárias medir o grau de oposição com que esta direcção contava. As críticas não me preocupam, desde que sejam construtivas e não façam mal ao clube, desde que não sejam oposição ao próprio clube. A minha preocupação está focada para outras coisas bem mais importantes. Hoje parece que tudo foi fácil, que o clube viveu sempre como vive hoje. Muitos dos que hoje reclamam, esqueceram-se do que foi a herança que tivemos de assumir e do que isso significou em termos estruturais. O Benfica correu o risco de desaparecer. Muitos daqueles que no passado só se aproveitaram do Benfica, que se conformaram com a gestão de Vale e Azevedo, que nunca se atreveram a questionar o caminho que estava a ser seguido pelo clube, são aqueles que hoje se limitam a criticar. Criticam com um único intuito: fazer regressar o clube ao tempo da anarquia e da instabilidade. Não têm uma ideia, um projecto, apenas uma vontade: voltar a ter protagonismo.

As relações com

o 'novo' rui costa

— A entrada em cena de Rui Costa como director desportivo e administrador da SAD tem correspondido às expectativas que nele depositava?

— Sem dúvida. O Rui faz parte do passado e do presente deste clube e representa, ao mesmo tempo, o seu futuro. Conheço-lhe, como poucos, as suas qualidades. Sei da competência, do querer e do empenho que põe em tudo o que faz. O Rui Costa é a nossa melhor garantia de um projecto desportivo sustentado e integrado.

— Como são as suas relações diárias com Rui Costa, que informações partilham, que impressões trocam?

— Como devem ser. Falamos de tudo, partilhamos tudo, do futebol e da administração, mas ele sabe que tem autonomia. E essa autonomia vem da confiança que todos temos no seu trabalho. Foi por isso que esperei por ele, e o trabalho realizado até agora é a melhor garantia de que há um projecto!

— Quique tem bom ambiente entre os adeptos. Isso ajuda a manter em alta o apoio à equipa?

— Os adeptos perceberam o que está em causa. Têm sido insuperáveis no apoio que têm dado à equipa. Tenho a certeza de que esse apoio se vai manter, porque é uma parte fundamental deste projecto. Sem o apoio dos adeptos não faz sentido todo este trabalho!

— São de esperar reforços no Benfica durante em Janeiro?

— Não, isso não está nas nossas cogitações. A SAD entende que o plantel é suficiente para que os objectivos sejam alcançados.

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posted by J G at 5:20 da tarde

2 Comentários:

Sem ter muito a ver, mas a propósito das finanças do clube:

"a Olivedesportos paga ao conjunto dos clubes portugueses cerca de 40/42 milhões de euros/ano. Um clube espanhol de 2ª linha como o Villarreal cobra sozinho 46 milhões/ano. E um clube como o Tottenham arrecada só por si, 51 milhões!"
in Record do Sábado passado.

Isto é verdade? O_o
Anonymous Anónimo, at 9:29 da tarde  
Caro Cosmonaut

claro,
porque crês que o Benfica arrancou com o seu canal de TV?

abraço

LM
Anonymous Anónimo, at 1:48 da tarde  

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