Encarnado e Branco

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sábado, 9 de dezembro de 2006

Valdano e o Golo de Ronaldinho ao Werder

Não resisto a partilhar parte da crónica de hoje de Valdano n'A Bola;

Os meus primeiros treinadores jogavam com perguntas e respostas que eram um lugar-comum do futebol argentino e que Alfredo Di Stéfano divulgou em Espanha: «Como se faz uma bola? Com couro. De onde sai o couro? Da vaca. O que come a vaca? Erva.»

Tudo isto para deixarmos de dar pontapés para o ar e jogarmos por baixo. Eram tempos em que a técnica tinha tanto prestígio que um alívio para nenhuma parte podia marcar um jogador. Ao invés, jogar com precisão, resolver com habilidade nos espaços pequenos e associar-se em tabelinhas, valorizava um futebolista. Esta é a razão por que nunca considerei um privilégio os meus 1,87 metros de altura. Em jovem cheguei a ficar angustiado porque cada centímetro a mais afastava-me da relva, onde habitava a verdade do jogo que me tinham ensinado os meus mentores. Mas o futebol mudou tanto que, neste momento, o Werder Bremen, primeiro classificado da Liga alemã, e o Inter, primeiro classificado no calcio, têm uma média de alturas exactamente igual à minha. Vários jogadores excedem em muito os 1,90 metros e isso dá vantagens atléticas, tácticas e estratégicas, obsessões indiscutíveis deste futebol.

Contra esta sugestão entrou em campo o Barça, na última terça-feira, pondo em jogo o seu apuramento. Se o medo soubesse falar, teria perguntado: como opor-se ao tamanho destes super-homens? A resposta saiu do fundo dos tempos: com astúcia. Seis gigantes formaram uma barreira para defender um livre frontal de Ronaldinho. Como convém não confiar-se nos génios, no momento do remate quatro dos gigantes saltaram ao mesmo tempo para fechar ainda mais o ângulo alto. Como o único tamanho que conta no futebol é o do talento, Ronaldinho chutou forte e por baixo. Por onde comem as vacas.

posted by J G at 5:06 da tarde

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